quarta-feira, 8 de junho de 2011

A Roda do Ano!

Yule – O Solstício de Inverno
Por Revdo. Lugus Heraios V. D. Brigante*
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Milhares de anos se passaram, desde que as primeiras mulheres e homens passaram a observar, parar e reverenciar o momento em que o Sol se torna mais fraco, abrindo espaço para as longas noites, os dias curtos e o frio que junto a Ele trazia o recolhimento e a instrospecção. Inúmeros mitos das mais diversas culturas da humanidade, sacralizaram esse momento de Poder, e geraram, na forma de festivais que de forma geral, surgem com o objetivo de renovar as esperanças entre a fria escurdião, de que Aquela a qual chamamos por Criança da Promessa ou Criança Solar, renascerá, trazendo dia após dia o aumentar de seu explendor e firmando assim o inabalável ciclo do Renascimento, em todos os sentidos que essa palavra possa tomar.
No Hemisfério Norte, local onde a maior parte das culturas que hoje influenciam os cultos pagãos contemporâneos, o Solstício de Inverno ocorre entre os dias 19 e 23 de dezembro do Calendário Gregoriano, sendo que a partir do dia 25 desse mesmo mês, visivelmente os dias que até então encurtavam, passam então novamente a ter sua durabilidade aumentada.  No Hemisfério Sul, o Solstício de Inverno ocorre entre os dias 19 e 23 de junho.

yule-4Yule, como também é conhecido esse festival na Bruxaria e Paganismo Contemporâneos, é o sabá que marca a época mais escura e fria da Roda do Ano, assim como o renascimento do Deus a partir do Ventre da Deusa. É nesse dia que acontece o Solstício de Inverno, o rápido momento em que um dos hemisférios terrestres atinge de forma culminante sua máxima distância da energia solar e quando imediatamente volta a aproximar-se do Sol até atingir seu ápice no Solstício de Verão. Desde tempos imemoriáveis é observado como um dia de poder, reservado à contemplação diante à esperança do retorno da Luz e às celebrações em honra ao nascimento da Criança Divina.

Entre alguns povos nativos norte-americanos, este dia marca o período de “Regeneração da Terra”, quando são dedicados jejuns, rituais de fortalecimento e orações. Na Europa e na Ásia, celebrações eram feitas em honra aos nascimentos de diversos deuses, dentre eles, Lugh, Mabon, Bel, Frey, Balder, Apolo e Mithra.

Por serem oriundas do extremo norte europeu, entre antigas tradições nórdicas haviam celebrações que duravam doze dias, o período em que não havia nascer do Sol e seu mundo ficava mergulhado na escuridão. A véspera do solstício era denominada como “A Noite da Mãe”, sendo dedicada à deusa Freya, como criadora do Universo e responsável pelo renascimento do Sol-Menino.

Entre os antigos Druidas, o Solstício de Inverno servia de palco para a encenação da morte do Rei Azevinho (que regia a parte decrescente do ano), vencido pelo Rei Carvalho que regia a parte crescente que se iniciava a partir de então. Nesse dia, a tradicional colheita druidica do visco era feita com foices de ouro e distribuído à comunidade como talismã de proteção e boa sorte.

Em Roma, o deus Saturno era celebrado no festival da Saturnália, onde se tornaram comuns as distribuições de presentes entre amigos e familiares. Em algumas partes da África, é celebrado o festival Kwanza considerando os princípios da vida.

Pinheiros verdes, pequenas chamas e objetos coloridos marcaram as celebrações do Solstício de Inverno na Europa pré-cristã - as folhas verdes, representando o vigor da Natureza que se restabeleceria com o retorno do Sol e as chamas o retorno da Luz.

No ano de 270 da Era Comum, o Imperador Aureliano instituiu em Roma o culto oficial ao deus "Solis Invictus", fazendo do dia 25 de dezembro o "Natalis Solis Invictus", em português, "O Nascimento do Sol Invencível". O Cristianismo viu-se obrigado a sincretizar essa data com o nascimento de Jesus Cristo, visto a enorme força folclórica que existia em torno dessas celebrações envolvendo a temática do renascimento do Sol, enquanto Deus-Menino. Segundo as escrituras da Igreja, Jesus Cristo teria nascido no vigésimo quinto dia de um mês que não fora determinado, brecha aproveitada para a instituição da data próxima ao Solstício de Inverno, o que tornou-se celebração oficial da Cristandade, quando no ano de 313, o Imperador Constatino legalizou as crenças cristãs no Império Romano.

Atualmente, vários pagãos e bruxos ao redor do mundo celebram Yule incorporando em suas comemorações os elementos clássicos natalinos, já que o próprio festival inspirou a comemoração cristã. É o dia de clamar pelo retorno da Luz e homenagear a Grande Mãe pelo renascimento da Criança da Promessa.

*Revdo. Lugus Heraios V. D. Brigante – Alto-Sacerdote do Coven Serpente de Ouro, coordenador local do Dia do Orgulho Pagão – Porto Alegre (Pagan Pride Project® – EUA) e membro da Corte Externa da Tradição Correlliana Nativista (EUA)
Fonte: União Wicca do Brasil