Excelente texto que eu reproduzo do Site da União Wicca do Brasil:
Com base nos acontecimentos relatados em nossos mitos, na ciência e no dinamismo presente em toda a natureza, nós acreditamos na existência de outros mundos ou dimensões espirituais, bem como na existência da vida após a morte e na reencarnação da alma. De acordo com o mito, quando morremos voltamos para o útero da Deusa, que é a própria terra, e nossa alma fica vivendo em outro mundo enquanto rejuvenesce e espera para renascer.
A física já provou a existência de várias dimensões e universos paralelos. E na natureza, quando morremos, nosso corpo se decompõe, nossa matéria se desagrega, tornando-se adubo e sendo absorvido por outros seres, com nossos átomos circulando na teia alimentar, em todos os reinos. Tais fatos justificam e fortalecem nossa crença.A Wicca não possui um livro sagrado como outras religiões, pois as antigas tradições e ensinamentos que perpetuamos, eram transmitidos, na maioria das vezes, oralmente.
O único dogma da fé wiccana é um provérbio conhecido como “Rede Wiccan” (Conselho Wiccano), que adverte o seguinte: “Faça o que quiseres, sem a ninguém prejudicar. Mas este conselho deve ser interpretado de forma flexível, visto que é impossível viver sem causar um mínimo de dano a outrem, sejam os insetos, os animais dos quais nos alimentamos, e mesmo em casos de autodefesa.
Outra advertência conhecida é a “Lei Tríplice”, uma lei espiritual que diz o seguinte: “Tudo o que fizeres, a ti retornará multiplicado por três”. Portanto nós somos os únicos responsáveis por nossas ações e devemos estar plenamente cientes de suas consequências, cabendo a nós fazermos o que quisermos, desde que usemos do bom senso e da ética.Esse fato tende a dificultar a permanência de algumas pessoas na religião Wicca, pois muitos acreditam depender de intermediários para alcançar os deuses e não conseguem se responsabilizar por suas próprias vidas, e por comodismo, preferem recorrer a terceiros para a indulgência.
Não é fácil ser um wiccano. É necessário conseguir romper com muitos paradigmas e conceitos que estão arraigados em nosso inconsciente, num processo de regressão a condição original do homem: de viver em harmonia com o meio ambiente e com o todo, sem medo ou culpa. Esse processo pode ser difícil para algumas pessoas, até mesmo doloroso, pois é como superar traumas e quebrar barreiras que já fazem parte de nossa estrutura social e cultural, como alguns conceitos de “certo” e “errado”.
Uma barreira que as pessoas costumam ter, é a cerca das relações que existem entre nossos deuses. Nós adoramos uma deusa que se une sexualmente com seu próprio filho. A sociedade tende a julgar isso como incesto, mas devemos nos lembrar que nossos deuses são o reflexo da natureza, e entre os demais seres vivos, esta é uma relação comum, que ocorre quando necessário. Também não devemos nos esquecer que estamos falando de uma relação simbólica coerentemente contextualizada no mito. Isso não quer dizer que wiccanos pratiquem ou mesmo incentivem o incesto, até mesmo porque sabemos que biologicamente não é uma relação das mais seguras, pois pode gerar descendentes com problemas genéticos.
Outra dificuldade que algumas pessoas podem ter, é aceitar que adoramos um deus que tem chifres. Em todas as antigas culturas, os chifres são símbolo de poder, sabedoria, força e virilidade. Isso nada tem a ver com o “Diabo” da mitologia judaico-cristão, cujo nome é Shaitan, que originalmente não tinha forma, depois foi retratado como um “anjo caído”, e posteriormente foi associado à figura de vários deuses pagãos que tinham chifres, especialmente o deus grego Pã e o indo-europeu Cernnunos.
Texto escrito pelo Sacerdote Diogo Ribeiro – União Wicca do Brasil